segunda-feira, dezembro 24, 2007

Feliz Natal


Bons sentimentos,

Uma gota de paz,

Calor familiar.



Esperança no futuro,

Pensamentos construtivos,

Agradecimento e valorização dos bens recebidos.



Esquecimento de mágoas,

Aprendizagem com a dor,

Crescimento constante.



Muitas filhoses, muito convívio e muitos presentes,

de preferência dos que não se tocam,

mas que sabe bem sentir na alma...



Feliz Natal!






domingo, dezembro 16, 2007

A minha cabeça procura nesta noite gelada a distinção entre desejo e amor...
Quantas atracções vivi? Quantos amores? Quantas ilusões fruto de conflitos emocionais criados unica e exclusivamente por mim, quanta dor e sofrimento por não me entender?
Quantas perdas devo lamentar, quantas devo acreditar que foi melhor assim?
Pensar, reflectir, encontrar. Verbos que me acompanham e que só sei conjugar no presente do indicativo. Se bem que por vezes, dou aso à utilização do condicional.
É mais fácil sentir, mas perceber o porquê desse sentimento/os é muito mais complicado. Sou demasiado racional! Acho que tudo tem um sentido e a minha inteligência tem de me ajudar a lá chegar. Por outro lado, se calhar não vivo as sensações por pensar demais na sua origem e no seu porquê.
Que hei-de fazer? Está-me no sangue querer perceber tudo à minha volta.
- Curiosa, menina curiosa...
Mas também é preciso aproveitar a vida, senti-la...
Hoje é uma daquelas noites em que me apetece perder-me em pensamentos e curtir a nostalgia das lembranças, a par do gozo intelectual de decifrá-las...
Não tenho emenda, dê por onde der, eu continuo a acreditar que só chego as sentimentos verdadeiros se os entender.
Enfim, em busca da verdade perdida, ou dos segredos guardados...
Lógica, sff!

sábado, dezembro 15, 2007

Há chuva no meu olhar,
Tristeza na minha alma,
Secura na minha voz,
Violência na minha cabeça,
Medo no meu corpo...
E tu no meu coração...

segunda-feira, novembro 26, 2007

A alma morna de saudade relembra o celestial elixiar da primeira primavera vivida.
Um tempo de poemas completos, rabiscados na escadaria da vida; um tempo de arremesso de pétalas num regaço imaculado, de suaves melodias...
Recordo-te nos passos do vento, no cheiro da terra molhada, na folha amarelecida do livro que me embriaga a memória.
E agora... agora o silêncio engole-me...
Há um quadro gritante que cintila na extasiante memória que o cansaço desbota...
Só o sono te apaga, ou me faz ter-te denovo, mesmo que seja em segredo...


Só se ama uma única vez na vida...

sábado, outubro 27, 2007

Anjo maldito! ( Eu disse que voltava :P )

Ele era um rodopiar de sonhos envenenados ao pisar sofregamente as pedras enegrecidas da cidade maldita. O mundo girava num ponteiro oposto aquele que lhe rodava na alma e era difícil não alienar-se.
Carlos era jovem, inteligente, mas havia algo obscuro que lhe contorcia o olhar. Um mundo paralelo, quiçá, que se apossava dele e o fazia galgar um solo onde não vivia, apenas andava.
O seu passo era lento mas forte, a sua expressão facial cerrada e o negro descrevia inequivocamente a magnitude da sua interioridade.
Lembro-me que o pensei várias vezes como personagem de um romance. Talvez um romance sobre o acaso. Carlos era um acaso, uma miragem, um sonho. Uma espécie de anjo-demónio que te vem buscar, que te envolve fazendo-te viajar por entre a obscuridade da vida, mas que de repente te solta e desaparece. Um acaso, isso mesmo, um doce amargo acaso!
O seu olhar engolia-me exaltando o melhor e pior de mim. Destabilizava-me! Ele era um verso de Pessoa escrito numa noite poeticamente assolapada de dor.
Se fechar os olhos ainda consigo encontrar aquele olhar que me queimava com um ódio carregado de desejo.
Um Anjo maldito que me rouba a alma por instantes, imbuindo-a em pensamentos...

quarta-feira, setembro 05, 2007

A segunda ausência...


Uma nova ausência irá seguir-se...

23 anos, ciclos encerrados, novos desafios...

Dois anos que prometem muito trabalhinho e sacrifício.

Mais uma vez o blog irá ficar em stand by. Na verdade, também não estou numa época muito criativa em termos literários. Consome-me um desejo enorme de vencer em outras àreas e é ele que me guia neste momento.

Voltarei, com toda a certeza; mas por agora, repousa a sonhadora eremita para dar lugar à social aventureira.

Apetece-me ser adulta e ver o mundo para além da janela do meu quarto...


Até Breve...

domingo, agosto 26, 2007

Uma epifania...



O incandescente fervilhar de nostalgia,
esboçado numa feição desconfigurada...
Segue-se um sublime e não menos exaustivo,
destilar facial de emoções, recalcadas no âmago de mim.
Inusitado! Em mim tudo vive do inesperado...
O inusitado pensamento em relação a um sentimento falacioso? Ou a uma verdade vivida?
Porquê? Por que motivo voltou?
Mesmo que revire cada célula do meu cérebro, não encontrarei respostas;
Será que as encontrarei no infímo das minhas lágrimas?
Ai... a vida, e as suas misteriosas epifanias...

sábado, agosto 25, 2007

Esta noite...


Estou cansada, desiludida...
...
...
As nuvens noctivagas invadem os céus
E eu, só, aqui estou.
O vento agita-se e uma emoção trespassa
A mais profunda essência de mim...
...
És tu, eu sei que sim! Vieste!
O teu abraço protege-me do frio altivo
E desperto para uma visão mais realista da vida!
...
Esta noite, tu vieste até mim...
Ama-me e dedica-me o teu coração!
Dar-te-ei todo o amor que precisas!
...
A eternidade no horizonte da tua boca!
Uma dança, seremos sempre uma dança,
ao compasso de um amor imortal!

segunda-feira, agosto 13, 2007

Quão certas pessoas me aborrecem, por serem desprovidas de cérebro.
Na verdade entedia-me a banalidade terrena, a supremacia da ignorância, a competição em prol da mesquinhice e das limitações cerebrais.
Onde anda o meu filósofo?
Algures num sonho, onde escondo a alegria por detrás de um sorriso que brota ao contemplá-lo?
A cotê de moi?
Abro os olhos e ainda não consigo visionar o rosto do meu sage...

sábado, julho 28, 2007


Ocorre-me pensar na vida como uma sombra reflectida sobre os meus passos…
Será que os meus pés nunca se vão desgastar? E a sombra, estará lá sempre?

quinta-feira, julho 26, 2007

Volúpia...

Sobre o manto diáfano da noite esconde-se a voluptuosidade…
Um céu incandescente, fervilhado de constelações sorridentes e harmoniosas, exprime-se num rosto deleitado, imanando um sabor de pecado…
São 4 horas da manhã e o silêncio pacífica o mundo. Há porém uma alma que se exalta ao deambular pela contemplação celestial.
Uma mulher intrigante deixa cair sobre o velho estrado de madeira, um pequeno tecido de cetim que lhe resguardava as costas…
Um calor incessante abunda no
ar, infiltrando-se no ponto chave do corpo de Rita. O silêncio é aniquilado pelo arfar da jovem ao humedecer os seus lábios, cerrando em seguida os olhos por breves instantes…
O desejo nasce…
Uma mão procura percorrer lugares bravios, desenhar círculos sobre a pele e contorná-la, sentindo um remoinho de sensações…
O coração de Rita palpita descompassadamente e a sua voz murmura inconsciente o ardor que a consome.

As suas mãos dividem-se sobre o seu corpo… O toque suave sobre os seios humedecidos é acompanhado por um gingar de anca contínuo, originando uma avalanche de emoções…
A noite transborda a vida que desliza sobre a forma de suor em cada recanto daquele corpo.
Rita esgueira-se da janela e deita-se sobre os lençóis que acolhem a sua voluptuosidade feminina.

A volúpia intensifica-se com a viagem contínua da mão que percorre milimetricamente o caminho na demanda pelo deleite.
Há um aroma a pecado que se entranha nas paredes do quarto azul, alguns gemidos desnorteados e um rebolar do corpo sobre o branco imaculado dos lençóis.
A mão fixa-se sobre a caverna do conhecimento e busca uma lição acerca do desejo. Toca-o!
As estrelas, cada vez mais luminosas, gravitam no céu e o olhar de Rita percorre-as…
Um grito ecoa… um último desejo, uma gota vertida e um cerrar de pernas.

Rita repousa sorrindo, a noite esvai-se e um novo dia começa…



quarta-feira, julho 25, 2007

Uma visão de artista...



Ser uma artista!
Bordar as minhas emoções sobre o manto da tua pele, deambulando por entre remoinhos de ponto cruz. Tentar encontrar a perfeição, a harmonia digna de uma obra de artista. Rodopiar com a agulha sobre o ínfimo de ti, procurando o sublime desenho do amor.
Uma pétala é gravada sobre o teu dorso, contornada por um suave fio dourado que delimita um vermelho avassalador. Um vermelho condensado que esconde no seu seio uma pedra preciosa: um topázio. Transparência sobre o mistério. Uma técnica de artista!
Não é afinal o amor, a mais bela das artes na nobre perfeição de existir?


Uma visão de artista…

sábado, julho 21, 2007

Parem o carrossel, que me dói existir!

, Na surdina da escuridão, arremessar ao vento um eco sufocante … Deambular pelas fragrâncias exaladas na extinta despedida. Exasperar-me!
Tiritar de frio num silêncio agudo que desconfigura a alma, tornando-a rude. Desabrida angústia que me percorre as veias, deslizando em forma de chuva ao longo das minhas feições. Insolente vicissitude que me viola os sentidos e me faz gemer num pranto contínuo.
Pomba da paz, por onde voas? Qual rumo me aguarda? Quais ventos me arrastam?
Inevitável destino, cruel insensatez. Choro eu, chora a humanidade arruinada...
Parem o carrossel... que me dói existir!

quinta-feira, julho 19, 2007


Sonhavamos...
Eu bailava contigo ao compasso do amor e cintilavamos mais do que uma estrela ao contempletarmo-nos. Amavamo-nos!
Navegavamos num mar de emoções que desprendiam faíscas de alegria a cada novo acordar. Adoravamo-nos!
Arremessavamos a felicidade que sentiamos ao mundo, colorindo-o com todos os sombreados dos nossos desejos.
Hoje eu ainda cerro os olhos para ver o infinito, mas limito-me ao seu rebordo...
O plural dissipou-se!
A cama onde flores cresciam diariamente é mais sombria. Algumas murchuram, mas ali permanecem, inanimadas.
Continuo a despir-me, debruçando o meu corpo sobre o leito da verdade. Sozinha!
Está frio, o corpo treme, mas mantem-se estático...
No rebordo, estou no rebordo! Eu que um dia conheci a mansão do infinito!
Já não sei se sonho ou se simplesmente me digno a sentir saudade...

segunda-feira, julho 16, 2007

Lunar

A Lua é constituida por pedaços de sonho atados com fio de ouro às emoções. Coabita no universo e infiltram-se na corrente sanguínea de habitantes terrestres. É igualmente portadora de partículas de ser que em conjunto moldam uma alma mágica.
Ser lunar é entrar numa dança espiritual onde a verdade se eleva, regando a noite com doçura. É ser uma borbuleta que absorve o sonho, sente-o nos seus genes, dando-lhe em seguida cor, num painel imenso a que chamamos vida.

quinta-feira, julho 12, 2007



Depois de tanto suor, sangue e lágrimas fechou ao fim mais um percurso...
Depois de tanto conhecimento, de tanto crescimento, de tanta descoberta, a porta fecha-se com êxito.
Foram anos dolorosos e fantásticos e tu, querida Flul, ficarás para sempre gravada no meu coração...

Ó letras, ó letras
Orgulho-me de ti, orgulho-me de ti
Passando ou chumbando, passando ou chumbando
Chumbando ou chumbando, chumbando ou chumbando
Ó letras, o melhor que há, hey!



Porque os sonhos realizam-se...










sexta-feira, julho 06, 2007








Inexistente a distância entre os sentimentos e a chuva...

sexta-feira, junho 29, 2007

Solto uma lágrima solitária ao deambular pelo corredor onde habita a ingratidão.
Duas novas lágrimas rolam à conta das mentiras, à minha volta criadas.
A terceira reflecte a amargura perante a falta de confiança.
A quarta faz-me sentar no chão e olhar o céu.
Enquanto a quinta se desprende da minha alma, viajando pelos contornos da minha face, uma estrela cadente sussura-me: - Antes do sol há sempre trovoada!
Encolho-me no chão, um vazio enorme e de repente o meu coração avisa-me:
- Ainda não desisti de acreditar na chegada do sol...
Uma borboleta esvoaçando em torno do arco-íris, um olhar compenetrado, dir-se-ia pousado no horizonte longuínquo da estação primaveril. Colocar um flor enfeitando os cabelos, desenhar um coração sobre a areia molhada, ou quiça apanhar o eléctrico onde o senhor simpático vende algodão doce. Piscar o olho à estátua do Fernando Pessoa, jogar ao pião, soltar um suspiro, fazer bolinhas de sabão, andar ao pé cochinho, comer pastéis de nata com canela, queimar a língua com uma castanha quente.
Confrontar-me com um olhar amoroso, sentir o toque da chuva, dançar embalada pelo vento, correr por entre um cerejal, retirar as pevides de uma maça cortada aos pedaços...
Em quantas partes se divide a vida?

quinta-feira, junho 28, 2007

" há poesia nos olhos de uma mulher [...] E, no entanto, quem pode negar a presença do mal na mulher! [...] Desde Eva, ou Lilith, a rainha dos demónios (...)"

In A Boca do Inferno de Ana Miranda
pp 206. Companhia das Letras

Desde os primórdios que a mulher é entendida como um demónio, uma feitiçeira que embriaga o sujeito, amarrando-o às suas teias diabólicas. Mas será esse feitiço um mal em si, ou o supremo elixir da vida?

Sempre que penso eu oculto ou em proibído, penso em escorpião... E acredito que existem duas vertentes relativamente ao oitavo signo do zodíaco. A primeira: um escorpião agarrado ao plano material, possessivo e portador de sentimentos conturbados, condutor do mal e de todo o tipo de destruição. E um escorpião espiritual, imensamente profundo na sua essência, ascendendo a uma percepção da vida para além do plano material, despojando-se assim de qualquer tipo de maldade, cultivando apenas a plenitude da vida muito pautada pelo amor ao próximo e pela partilha.

Em ambos os casos, as duas vertentes escorpiónicas são altamente poderosas e imensamente intensas, acarretando cada uma delas o medo.

É no primeiro tipo de vertente escorpiónica que a Humanidade se vem desenvolvendo, e eu pergunto-me, porquê? Por existir uma maior quantidade adepta da filosofia escorpiónica um, não têm coragem de estar sós, ou em minoria? Por não terem capacidade de percepcionar a outra vertente? Porquê?

Refutando a afirmação citada: Os homens não se perdem nos olhos de poesia de uma mulher, os homens perdem-se na materialização fútil e corriqueira da poesia levada a cabo por algumas mulheres. Tal como as mulheres em relação aos homens.

Afinal o que é a Lilith? Algo superior, pleno de brilho, mas que provoca medo devido à sua intensidade, ou essa banalização que tudos criticam, mas onde todos caiem?

Ao invés de uma mulher, talvez Lilith seja o escorpião que se movimenta nas suas duas vertentes e que inevitavelmente convida o ser humano a optar. Lilith = descoberta da vida. (*)

Será que sabemos o que é realmente o mal? Não haverá um mal, máscara do bem?

(*) De salientar que a mulher é focada como o mal, em primeiro lugar devido à concepção machista estruturada e enraizada na cultura ocidental desde os primórdios (também é dado adquirido em outras culturas, mas aqui interessa-me a ocidental) e igualmente, como desculpa convenientemente usada pelo homem. Aliás, é típico do ser humano colocar as culpas na exterioridade que o rodeia, ele será sempre a pobre vitíma (negam a igreja católica, mas os seus dogmas mais absurdos estão impregnados na conduta humana).

A minha opinião é a de que o mal é partilhado.

A citação é retirada dum romance histórico que retrata o século XVII brasileiro, o que explica, desde já, esse tipo de filosofia machista, tida como quase uma espécie de lei, a par do carácter vulnerável e irresponsável do ser humano. O pior é observar que não é muito diferente do que se passa e pensa hoje, quatrocentos anos depois.

quarta-feira, junho 27, 2007

O que é o amor?

O que é afinal o amor?
Ora vejamos, a primeira teoria que se têm acerca do amor é que este abarca a estabilidade e durabilidade de uma relação. Logo um casal que mantenha um relacionamento de longa duração é, à partida, um casal que se ama e que conseguiu enraizar esse amor.
Depois temos a concepção de amor assolapado, onde um namoro se inicia hoje com o casal a amar-se loucamente. O interessante é que passado uma semana toda a magia se desvaneceu e às pessoas tornam-se indiferentes uma para a outra. Em última linha de análise temos a confrontação do amor com a respectiva dependência e possessividade afectiva.
No primeiro caso poderemos observar casais que estão juntos há anos, mas que simplesmente não se conhecem, não falam sobre os seus sentimentos, não partilham emoções, partilham apenas uma casa, despesas, filhos, etc. Quantas mulheres são espancadas pelos maridos, ou vice-versa? E as traições a cada um sujeita o seu parceiro? Onde está o respeito? Muitas das vezes cada um segue a sua vida, sem a partilhar. Realmente a relação tem durabilidade, não por amor, mas porque parece bem aos olhos da sociedade coabitar, ou por comodismo, ou ainda porque é difícil estar só. Há durabilidade, uma fictícia estabilidade e uma profunda amargura.
No segundo caso, assistimos a uma chama intensa que facilmente se apaga, talvez porque a sua intensidade não seja suficientemente forte e verdadeira.
O terceiro caso está intimamente ligado com os anteriores e espelha ainda a falta de identidade de muitas pessoas.
No primeiro caso assistimos a uma relação pseudo-sólida, a chamada relação de posse. Eu tenho um marido, é meu. Ou a uma relação de dependência: eu preciso do meu marido para me pagar as contas porque não me apetece trabalhar. Eu preciso da minha mulher para apresentar aos meus sócios a imagem de família feliz e estável.
No segundo caso repete-se a mesma lenga-lenga. "Eu preciso de ter alguém porque não consigo estar só" (dependência/posse).
Há ainda a vertente do "amar é sair de mim e absorver a identidade de outro alguém”. Será que isso é realmente amor? Não será uma espécie de dependência/posse aliada à falta de identidade? Uma relação subentende-se como uma consecutiva partilha de valores, e uma constante evolução e aprendizagem conjunta. Como é que eu posso partilhar algo se não tenho nada que seja meu? Se eu absorvi a identidade do meu parceiro, nada me resta.
A meu ver, o amor é algo demasiadamente badalado, todos afirmam senti-lo, mas, perdoem-me o elitismo, são poucos os que tem a capacidade de o entender e sentir. E porque? Por que chegar a ele implica um longo percurso, onde somos chamados a crescer, a amadurecer emocionalmente, a trabalhar arduamente, a desprendermo-nos de sentimentos mesquinhos. O amor é um tesouro, onde só os genuinamente puros de alma e coração a ele ascendem. É efectivamente uma espécie de troféu, só que neste caso, não é com trapaças que lá chegamos. Mais do que ganhá-lo é preciso saber senti-lo e isso só se aprende com muito querer. O mundo não o conhece, banaliza-o, pseudo afirma-se como seu portador. Daí as lágrimas que diariamente são derrubadas. O amor não é dor. Não sofremos por amor, sofremos por nos agarrarmos a sentimentos desnorteados, possessivos, diabólicos. Sofremos pela podridão que acumulamos dentro da nossa alma.
O amor é uma luz, é a paz, a plena essência, o expoente máximo da aprendizagem humana.

É missão OBRIGATÓRIA do homem aprender a senti-lo, desprendendo-se do egoísmo, marca registada da condição humana.

terça-feira, junho 26, 2007

Um dó li tá...

Um dia disseram-me que a vida não passava de um jogo onde era obrigada a ganhar (fosse de que maneira fosse) para ser reconhecida e poderosa, ou até mesmo plena de materialidade. Por que afinal dos "fracos não reza a história".

Mas a vida para mim é "um dó li tá". Eu corro, sonho, viajo, estudo, aprendo, SINTO! Não me interessa chegar em primeiro, interessa-me chegar e pelo caminho aprender. Mais do que um jogo, a vida é uma essência que necessita ser encontrada a cada dia, a cada volver de estação. Não procuro o reconhecimento dos outros para me sentir vencedora, procuro que a minha alma se reconheça, porque só assim vou seguir em frente...

Um dó li tá, sentada na relva, contemplando a natureza e observando cada espécie animal, percebo quão infinita e plena de pepitas emocionais se tece a vida.

Deixo os prémios para os ambiciosos e a aparência para quem não tem essência. Prefiro ficar aqui, ouvindo o chilrear dos pássaros, a flauta do amor, compondo em seguida uma doce e breve canção: Um dó li tá!

Eu sou um aquário...

Hoje sinto-me cada vez mais um aquário...
Livre, plena de emocionalidade, toda eu sou um aquário...
O recipiente sagrado, onde o tesouro se esconde, radiante... Um aquário!
A vida avança, as crianças jogam à macaca e o sol espreguiça-se, esboçando um sorriso maroto. Eu suspiro ao contemplá-lo, repenicando uma cantarola da minha infância.
No aquário, a água já transborda, salpica pelos terrenos infértis,
humedece-os, fá-los renascer denovo e esquecer um tempo de seca, onde a vegetação morria, sedenta de uma pequena gota de àgua que a alimentasse.
E o peixe dourado, onde está? Caiu do aquário e para lá não consegue voltar? Sucumbiu? Ou caiu em algum esgoto urbano?
Eu sou uma aquário... com um vidro delicado mas resistente, colorido e melancólico, imensamente profundo...
Sou um aquário colocado no centro da existência humana, explodindo diariamente, chuviscos de emoção...

segunda-feira, junho 25, 2007


Adormecido Endimião, despojado de toda e qualquer preocupação, viajas pelo infinito e ditirâmbico mundo dos sonhos.
Anseio embriagar-me nesse teu sono profundo, almejo a eternidade, a descoberta da profunda felicidade, o adocicado espiritual.
No teu regaço inicio a viagem e apenas sei que te quero amar, perdendo-me contigo, no mais profundo e infinito de "nós".
A materialidade de nada nos serve, é preferível cerrar os olhos e dar alimento à nossa alma, saltitando de emoção em emoção, de aprendizagem em aprendizagem.
O vento uiva enraivecidamente, enquanto duas almas se entrelaçam, imbuídas num singelo e nobre querer indestrutível.
O vento por fim resigna-se e um clarão enradia na floresta.
Perante o amor todos se vergam, mas nem todos tem o privilégio de o sentir...
O pião rodava sem parar, diabolicamente...
O menino extasiado contemplava-o, esquecendo tudo ao seu redor. A cada novo rodopiar, a sua mente perdia-se por entre espirais de pensamentos, emaranhando-os ao ponto de se tornar imperceptível decifrá-los...
Até que subitamente o pião parou, uma brisa suave inundou a rua amarela e grafitada e a criança, um pouco anestesiada, eu diria mesmo atordoada, relaxou, tendo posteriomente de uma maneira compassada e deliciosamente vagarosa, cogitado:
- É essencial olhar uma flor e penetrar no âmago de cada pétala, do seu caule, do aroma que diariamente ela exala ao mundo.
- Mas o pião não me deixa... Devo pará-lo ou continuar como num carrocel, onde me movimento rapidamente mas sou desprovido de essência?

quinta-feira, abril 19, 2007

Toquei o silêncio das emoções
Que me batia na alma…
Ele, o invencível aniquilador,
O repressor da intensidade…
Dilacerava-me, agoniava-me,
Envolvia-me numa azia existencial.
Peguei na caneta, rabisquei algum léxico,
Desenhei suavemente sobre o papel,
Irritei-me!
Não consigo abandonar o silêncio,
Os lábios mudos, as ideias emaranhadas
Em controversos remoinhos semânticos,
NADA!
Fui passear, olhar as estrelas,
Mirar o infinito do céu, chorar, chorar calada.
Não consigo, não sei falar… apenas sentir!
Sentei-me na areia, observei os meus pés
Pensei no quanto já corri, então porque me sinto
Sempre, mas sempre no mesmo lugar?
Não sei dizer que te quero, apenas te sei olhar…
Uma sombra atrás de mim, o silêncio,
Sempre o silêncio…
Da minha boca não escorrega o meu coração,
Mas dos meus olhos vertem-se gotas de sentimento…
Não sei dizer que te amo, apenas sei chorar por ti!

domingo, abril 08, 2007

Pintei a minha alma com cores pastel e soltei uma pétala que vinha beijada pela esperança com uma estrela desenhada numa das extremidades. Deitei-me em seguida, num enorme campo de papoilas onde o céu estrelado exalava um aroma a vida, a força de ir em frente.
Era beijada por um vento suave que me tocava as faces, enquanto os meus olhos se inundavam de lágrimas ao olhar toda uma constelação de estrelas cintilantes, sorridentes, aconchegantes.
Levantei-me e decidi correr por entre o Ramalhal, bailando ao compasso do vento que me conduzia passo a passo rumo à felicidade.
Ao fundo, bem lá no fundo, uma luz irradiava incessantemente… aproximei-me e uma voz sussurrou-me:

- Até que enfim és tu, vem comigo…
É enigmática essa voz, oiço-a muitas vezes e sempre que ela me pede eu vou com ela… Talvez seja esse mistério que me cativa e que me faz correr a cada chamado da respectiva voz...

Lá vou eu outra vez virar a esquina...
Uma alma pura é sempre livre… nunca existirão barreiras que a aprisionem…

sábado, abril 07, 2007

Porque ainda existem anjos...

O seu sorriso contagiante, a sua doçura e verdade esboçadas em cada movimento traquina e desprendido de preceitos e regras sociais…
A sua espontaneidade, o carinho que transmitem quando o mundo nos parece desabar em cima, a ilusão e os sonhos alucinados, as suas piruetas tão ingénuas, tão puras…
Sentada num banco de um jardim, olho em volta a vida, a força, a esperança; tudo isto no rosto de uma criança…
É impossível não olhá-las e não rolar pela face, uma lágrima de carinho por algo que ainda é genuinamente cintilante, num mundo afundado em miséria...

quinta-feira, janeiro 11, 2007

Um doce ATÉ JÁ!

Tenho o dito! Os meus três blogs vão ficar em stand by durante uns tempinhos. Perguntam vocês, seus curiosos, porquê?
A minha vida está em mudanças, muitas mesmo. Muitos planos, muita coisa nova, novos hábitos, novas descobertas e coisas que precisam de ser batalhadas para poder encerrá-las em Junho.
Falta-me tempo para os Blogs!
Inspiração? Nao creio que seja esse o problema, é mesmo falta de tempo e algum cansaço acumulado.
Pretendo voltar com mais garra, mais imaginação e sobretudo com mais sentimento.
Fica a promessa de retorno, mas não prometo datas...
Eu sou um pouco assim. Não consigo estar sempre no mesmo sítio. A novidade cativa-me...
Se deixo para trás o que anteriormente me cativava em detrimento do novo? Não. Aliás, uma das minhas grandes frustrações é não ter tempo para fazer em simultâneo todas as actividades que me aliciam. 24 horas por dia é muito pouco. Se algum dia alguém descobrir uma fórmula que nos permita estar sempre acordados e com energia, avisem-me.
Por enquanto, vou tentar dividir-me entre as tarefas...

Não me despeço, apenas murmurro um Até Já!

Conto voltar ainda mais motivada do que estou e muito mais realizada :)

quarta-feira, janeiro 10, 2007

A folhinha sabedoria e a sua literatura...

Imobilizei a razão para conseguir decifrar as batidas do meu coração. Apressadamente injectei-as numa folha de papel, uma folhinha que se encontrava ao redor, ansiando pelo momento tão esperado. Foi como se desse vida a algo quase adormecido, ou melhor dizendo, em fecundação antiga; uma fecundação já exaustiva e com tempo suficiente para nascer. Mas o que importa é que nasceu, meia atordoada, pachorrenta, mas lá nasceu.
A folha, de seu nome sabedoria, era uma mãe orgulhosa e não se cansava de exibir o rebento, o seu bem mais precioso. Radiante, decidiu correr mundo para mostra-lo a quem tivesse interesse em conhecê-lo (se bem quê, cá para nós que ninguém nos ouve… quem é que não vai gostar dum rebento tão meiguinho como o da folhinha? Acho impossível e tu?).
Aí, mas deixa-me cá continuar a minha narração… isto, uma pessoa perde-se e depois é complicado… são os anos, os anos e a cabeça que já não é o que era…
Bem, a Dona folha lá decidiu viajar e a primeira oportunidade surgiu quando num belo dia íamos na rua: eu, ela e o rebentinho. A marota que sempre foi dada a um certo descaramento, lá se vira para mim e diz:
- Estás a ver aquele jovem que ali está com a mochila às costas?
- Qual, o da camisola azul?
- Sim, esse mesmo! Quero que me coloques na mochila dele. Vou começar a minha aventura pelo mundo e quero, como já te disse, mostrar o meu filho à humanidade.
- Tens a certeza?
- Sim, tenho!
E assim foi! Confesso que de início tive um pouco de receio, mas lentamente lá coloquei a folha na mala do jovem de camisa azul. Fugi logo em seguida. Lembro-me de, naquele instante de fuga, algumas lágrimas me inundarem a face. É certo que foram segundos, mas acho que os eternizei na minha memória, transformando-os numa doce recordação.
E perguntas-me tu, leitor curioso:
- Que é feito da folhinha?
Bem, a última vez que soube dela, ela estava algures em Marrocos, já tinha corrido a Europa toda e decidira explorar o Oriente. Desde então, nunca mais se soube dela. Ela não para, vive num agito constante; ela e o seu rebento, a literatura.
Agora, aqui sentada, escrevendo-te, cogito:
- E pensar que um dia tive a ideia de trazer à baila pedaços de mim…

sábado, janeiro 06, 2007

Hoje apetece-me falar para ti...

Já pouco me resta… apenas a velha arrecadação da casa de férias. Aquela! Aquela onde um pequeno raio de sol atrevido insiste em entrar.
Suspiro sozinha num cantinho mínimo escondido nas profundezas do mundo. É aí que penso, que me aconchego, que sonho e que me sinto amparada. A solidão inunda-me… arrebata-me.
Sinto paz! Fecho os olhos e sinto a brisa suave que me fustiga o corpo, as pitadas de sol que me batem na cara e flutuo numa calmaria, como uma gaivota que voa sobre o céu azul... livre, sempre livre.
Não há regras, aparências, falsidade, corrupção... Será possível o meu coração dar-me muito mais do que uma sociedade inteira me pode oferecer?
O meu trabalho cerebral dura, eu penso, repenso, sonho e anseio…
Misantropa! Tu és uma misantropa! – Diz uma voz ao fundo do corredor.
É verdade, não posso negá-lo! Eu sinto-me assim e sou feliz por sê-lo, ou pelo menos a minha teimosia insiste em fazer-me acreditar que sim.
Não me adequou as barreiras, não compreendo o mundo à minha volta; aliás, compreendo e é por percebe-lo que não o aceito e jamais o vou aceitar enquanto o meu coração sentir.
Pouco me resta… só mesmo a esperança que mantenho e que ainda me dá alento para poder mudar o que considero medonho!
Mas o segredo para mantê-la reside no facto de muitas das vezes me isolar, de procurar a solidão e viajar sozinha.
Já dizia Rousseau na sua célebre «Teoria do Bom Selvagem»: o homem sozinho é um ser bom é o meio social que o corrompe. Talvez Rousseau até tivesse razão, ou talvez os homens de quem este fala, não fossem suficientemente autónomos. Enfim, é mais uma das minhas divagações filosóficas…
Olha, escuta-me… ouviste? Eiii, fala comigo...
Lembraste quando dizias ser como eu? Lembraste quando me dizias que me entendias? Mantens-te assim?
Hum? Fala mais alto, quase não te oiço...
Sabes qual o meu maior medo? Transformar-me numa máquina.
E tu, transformaste-te?
Que é feito de ti? Onde depositas as tuas lágrimas?

segunda-feira, janeiro 01, 2007

O meu primeiro beijo de amor e esperança ao mundo no ano de 2007!