Desde os primórdios que a mulher é entendida como um demónio, uma feitiçeira que embriaga o sujeito, amarrando-o às suas teias diabólicas. Mas será esse feitiço um mal em si, ou o supremo elixir da vida?
Sempre que penso eu oculto ou em proibído, penso em escorpião... E acredito que existem duas vertentes relativamente ao oitavo signo do zodíaco. A primeira: um escorpião agarrado ao plano material, possessivo e portador de sentimentos conturbados, condutor do mal e de todo o tipo de destruição. E um escorpião espiritual, imensamente profundo na sua essência, ascendendo a uma percepção da vida para além do plano material, despojando-se assim de qualquer tipo de maldade, cultivando apenas a plenitude da vida muito pautada pelo amor ao próximo e pela partilha.
Em ambos os casos, as duas vertentes escorpiónicas são altamente poderosas e imensamente intensas, acarretando cada uma delas o medo.
É no primeiro tipo de vertente escorpiónica que a Humanidade se vem desenvolvendo, e eu pergunto-me, porquê? Por existir uma maior quantidade adepta da filosofia escorpiónica um, não têm coragem de estar sós, ou em minoria? Por não terem capacidade de percepcionar a outra vertente? Porquê?
Refutando a afirmação citada: Os homens não se perdem nos olhos de poesia de uma mulher, os homens perdem-se na materialização fútil e corriqueira da poesia levada a cabo por algumas mulheres. Tal como as mulheres em relação aos homens.
Afinal o que é a Lilith? Algo superior, pleno de brilho, mas que provoca medo devido à sua intensidade, ou essa banalização que tudos criticam, mas onde todos caiem?
Ao invés de uma mulher, talvez Lilith seja o escorpião que se movimenta nas suas duas vertentes e que inevitavelmente convida o ser humano a optar. Lilith = descoberta da vida. (*)
Será que sabemos o que é realmente o mal? Não haverá um mal, máscara do bem?
(*) De salientar que a mulher é focada como o mal, em primeiro lugar devido à concepção machista estruturada e enraizada na cultura ocidental desde os primórdios (também é dado adquirido em outras culturas, mas aqui interessa-me a ocidental) e igualmente, como desculpa convenientemente usada pelo homem. Aliás, é típico do ser humano colocar as culpas na exterioridade que o rodeia, ele será sempre a pobre vitíma (negam a igreja católica, mas os seus dogmas mais absurdos estão impregnados na conduta humana).
A minha opinião é a de que o mal é partilhado.
A citação é retirada dum romance histórico que retrata o século XVII brasileiro, o que explica, desde já, esse tipo de filosofia machista, tida como quase uma espécie de lei, a par do carácter vulnerável e irresponsável do ser humano. O pior é observar que não é muito diferente do que se passa e pensa hoje, quatrocentos anos depois.
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