Já pouco me resta… apenas a velha arrecadação da casa de férias. Aquela! Aquela onde um pequeno raio de sol atrevido insiste em entrar.
Suspiro sozinha num cantinho mínimo escondido nas profundezas do mundo. É aí que penso, que me aconchego, que sonho e que me sinto amparada. A solidão inunda-me… arrebata-me.
Sinto paz! Fecho os olhos e sinto a brisa suave que me fustiga o corpo, as pitadas de sol que me batem na cara e flutuo numa calmaria, como uma gaivota que voa sobre o céu azul... livre, sempre livre.
Não há regras, aparências, falsidade, corrupção... Será possível o meu coração dar-me muito mais do que uma sociedade inteira me pode oferecer?
O meu trabalho cerebral dura, eu penso, repenso, sonho e anseio…
Misantropa! Tu és uma misantropa! – Diz uma voz ao fundo do corredor.
É verdade, não posso negá-lo! Eu sinto-me assim e sou feliz por sê-lo, ou pelo menos a minha teimosia insiste em fazer-me acreditar que sim.
Não me adequou as barreiras, não compreendo o mundo à minha volta; aliás, compreendo e é por percebe-lo que não o aceito e jamais o vou aceitar enquanto o meu coração sentir.
Pouco me resta… só mesmo a esperança que mantenho e que ainda me dá alento para poder mudar o que considero medonho!
Mas o segredo para mantê-la reside no facto de muitas das vezes me isolar, de procurar a solidão e viajar sozinha.
Já dizia Rousseau na sua célebre «Teoria do Bom Selvagem»: o homem sozinho é um ser bom é o meio social que o corrompe. Talvez Rousseau até tivesse razão, ou talvez os homens de quem este fala, não fossem suficientemente autónomos. Enfim, é mais uma das minhas divagações filosóficas…
Olha, escuta-me… ouviste? Eiii, fala comigo...
Lembraste quando dizias ser como eu? Lembraste quando me dizias que me entendias? Mantens-te assim?
Hum? Fala mais alto, quase não te oiço...
Sabes qual o meu maior medo? Transformar-me numa máquina.
E tu, transformaste-te?
Que é feito de ti? Onde depositas as tuas lágrimas?
sábado, janeiro 06, 2007
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