sexta-feira, junho 30, 2006

quarta-feira, junho 28, 2006

A agonia no silêncio de um quarto
Corrói um corpo que se decompõem de um modo fulminante.
Os lábios secos necessitados de vida,
Os olhos inchados, sedentos de algo que os ilumine.
As veias que se contorcem num desespero delirante,
O tempo que passa e que intensifica o cheiro a bolor,
A vida que estagna e apodrece a alma.
As janelas fechadas que escondem a vergonha de existir,
O escuro que clama luz, mas não tem força para a encontrar.
O coração ferido vê-se involto num pó que se alastra devido a constantes tempestades de ventos malignos.
Criam-se vermes que sugam pouco a pouco a pele, dando conta de um espectáculo um tanto ou quanto fantasmagórico.
Prostrado num chão inundado de sangue encontra-se um corpo, cuja alma chora a sua desgraça, a sua vergonha.

terça-feira, junho 27, 2006

Faz-me falta

Vivo para sonhar e sonho viver...
Choro por sofrer e sofro se não conseguir chorar...
Luto para não sofrer e sofro se nao lutar...

Olho e vejo o mundo à minha volta que gira constantemente a um ritmo frenético, eu própria ando a um ritmo frenético: ideias, acções, querer...
No entanto:
Faz-me falta momentos de solidão;
Faz-me falta ouvir o sussuro da noite e o brilho das estrelas cada vez que sorriem lá no alto do céu;
Faz-me falta perder-me para em seguida me encontrar e estar mais sábia.
Apesar de tanto individualismo, garra e perserverança também me
faz falta dormir algures num regaço de carinho.
Faz-me falta por vezes verem-me como uma menina... faz-me falta sê-lo!


Até o vidro mais resistente estala. Ousa-se e a castração interior transforma-se em cacos. Respira-se, flutua-se, vive-se...

O medo e a vergonha são banidos, vendo-se obrigados a criar telhados de vidro algures numa outra pele que teima em ser covarde.

sábado, junho 24, 2006

Destacar-se...

Hoje, já não sei bem em que contexto, ao falar com um colega meu veio à baila a conversa do "destacar-se".. o porquê de alguém destacar-se...
Como era de esperar, (até porque quem me conhece sabe que eu passo a vida a pensar nas coisas) a conversa ficou a remoer e a remoer na minha cabeça..
Deu-me para escrever isto:

Fala-se em se destacar e diz a Rita:
- Ena, ena, se alguém dá nas vistas é porque é muito giro.

Responde a Sara:
- O dar nas vistas, destacar-se não está necessariamente ligado ao corpo. Bem sei que a nossa sociedade (consumista) assenta muito em imagens, nomeadamente no corpo; no entanto Rita, o que muitas das vezes acontece é o seguinte: vês um gajo bom, ou um objecto lindo, uau ficaste babada, desejas aquilo, tens ou mesmo que não o tenhas, essa fascinação que se apoderou de ti é fugaz. E sabes porque o é? Porque no dia seguinte vais ver algo ainda mais bonito, que te vai chamar ainda mais à atenção. Vais esquecer o anterior e partes para o novo.

Agora imagina que conheces alguém com profundidade no discurso, uma sensibilidade fora do comum, alguém com o dom da palavra o que queiras chamar. A pessoa mexe contigo, com aquilo que sentes, faz-te repensar ideias, dogmas o que seja. Tu paras, olhas, admiras, adoras, remoes nas palavras que te foram pronunciadas, é-te difícil esquecer. Em suma, marcou-te!
Esse alguém destacou-se porque conseguiu mexer contigo, compreender-te, ensinar-te como se calhar até agora ninguém o conseguiu.
Responde a Rita:
- Pois tens razão há vários tipos de destaque… Os olhos iludem-se por momentos, inebriados pela beleza estética, no entanto são as palavras e os pensamentos que nos conquistam e criam laços dentro de nós, impossíveis de desatar.
- Tu destacas-te Sara, tu destacas-te!

quinta-feira, junho 22, 2006


Triste, amargurada, solitária... de repente toca a música...
Ela atiça-me para dançar...
Danço lentamente, passo a passo... eis que um toque percorre ao de leve o meu corpo... aiiii, sinto arrepios.
O toque torna-se cada vez mais intenso, aquece-me a alma, faz-me dançar a um ritmo frenético. Estou completamente inebriada!
Abro os braços, sorrio, rodopio incessantemente... hum... que sensação!
Uma energia apodera-se de mim. Estou feliz, sinto-me livre, apetece-me voar bem alto, bradar ao mundo o que sinto. Essa energia purifica-me a cada toque, rega-me a alma, espevita cada sonho meu, aclara cada ideia.
Ao seu compasso, de olhos fechados sou conduzida a uma viagem de sensações delirantes.
Ups! O toque cessou, igualmente a música. Abro o olhos e o sol brilha acompanhado do vizinho arco-íris.
Questiono-me: o que sentira eu? Uma voz doce sussura-me ao ouvido: foi a chuva, a música e o toque da chuva!

terça-feira, junho 20, 2006

Bastava uma palavra...

Os olhos inundados de lágrimas espelhavam a dor e a falta de coragem em pronunciar uma única palavra...
Lembro-me de o ver prostrado ao redor da mesa, sucumbindo num gemido gélido e extremamente impressionante para os meus infelizes olhos. Subitamente desatou a gritar. Apelidava-se de covarde, de monstro, de doido, falava algures ao longo do seu discurso extremamente distorcido pela aflição, em por um termo à sua vida pois não suportava a vergonha perante o que tinha feito, não suportava a vergonha que sentia ao ver-se ao espelho. Sentia-se um pedaço de pão bolorento, um Zé ninguém.
Aquela imagem grotesca até hoje me aterroriza... assisti naquele quarto a uma morte lenta, agonizante. Dia após dia a situação piorava, o Ricardo já pouco comia, vomitava dia e noite, chorava (quando os pulmões o permitiam), estava fraco, acamado. Era a decadência em forma de gente!
Eram 16h da tarde do dia 12. Uma tarde de verão sublime, mais parecia uma paleta de cores gritantes. Decidi visitá-lo. Encontrei-o de olhos semi cerrados, tossindo compulsivamente.
- Aproxima-te Adelaide, disse ele num tom muito rouco.
Aproximei-me dele, dei-lhe a mão. Uma lágrima rolou sobre o seu rosto pálido e ele começou a contar-me:
- Sabes mocita, acho que neste momento sei o que é o amor de verdade. O arrepio que me gela a espinha, o coração apertado, o mundo que de repente ganhou outra forma.. a alegria que sinto no meio de tanta dor. O amor foi o graal que encontrei numa vida marcada por sucata. Sou um asno, não o soube agarrar.
- Sabes que és muito especial para mim não sabes? Perdoa-me por ter sido um covarde e não te ter dito o que sentia, mas...
Subitamente sinto a mão dele a agarrar a minha com força, senti uma mescla de medo com euforia, foi surreal. A sua voz começou a falhar-lhe, não sei se por estar extremamente assustada, ou por outro factor que ainda não tive a oportunidade de reflectir convenientemente, por momentos abstraí-me do discurso dele, só me apercebi da parte final:
- Amo-te Adelaide, sempre te amei! Agradeço todos os dias a Deus (se é que ele existe) por me ter dotado de visão, foi ela que me permitiu observar cada contorno do teu meigo rosto. Foste sem dúvida a coisa mais bonita que me aconteceu na vida, meu anjo sem asas.
- Perdoa-me por ter sido um covarde!
Era tarde, as palavras que eu uma vida inteira desejara ouvir tinham sido pronunciadas naquele preciso instante, mas era tarde, o meu eterno amor jazia no seu leito para todo o sempre.
Uma vida inteira amigos, uma vida inteira enamorados um do outro e ninguém tivera coragem de o dizer.
Carrego comigo esta culpa para todo o sempre, assim como o meu amor carregou o meu coração com ele.
Caso as minhas lágrimas com a dor e o remorço que me gelam a alma.
Como fui impotente, a covarde sou eu que te deixei partir sem saberes que te amava...
Ó que diabo de burrice humana!

sábado, junho 17, 2006

TU!

És tu, dono e senhor do universo.
Controlas momentos, acções, pensamentos
Purificas dores, acendes paixões,
Dás aso a uma aprendizagem profunda.
Ó tu, eterno diamante...
A escravidão que provocas em nós,
Pobres e rendidos mortais
sedentos de ti.
És sábio, ora rápido, ora lento
Invisível, mas sempre sentido,
Por vezes desejado,
outras vezes injuriado.
Ó supremo Rei,
Tu passas,
Mas também sabes ficar para sempre!
Cada dia é um dia!
Tu, Hipócrates que tudo sara..

sexta-feira, junho 16, 2006

Grito de Liberdade!

Cheira a podre... é a gangrena!
Sinto o nojo percorrer a minha alma
A vergonha inunda-me a face
Os meus olhos derramam sangue.
Tudo é seboço, vazio, corruptível...
Tudo grita, tudo chora, tudo amolece,
Ninguém se mexe, covardes!
Quero fugir daqui,
Eu não sucumbo a este excremento.
Eu preciso respirar, isto sufoca-me!
Parasitas, impotentes, falhados!
Eu quero e anseio liberdade!
Eu grito: LIBERDADE!

quarta-feira, junho 14, 2006

A rosa

É tão bela a rosa, tão meiga, tão serena... no entanto, esta possui um veneno capaz de rasgar a alma e de a fazer bradar de dor: os seus espinhos. Atenção ao que é demasiadamente belo, pode ser apenas um ilusão óptica! O que é verdadeiro e genuíno nem sempre é perceptível à visão, daí tornar-se um tesouro muitas das vezes só encontrado por quem se atreve a ser curioso e extremamente perspicaz.

terça-feira, junho 13, 2006

Porquê?

Pergunto-me: até que ponto as pessoas são verdadeiras, até que ponto dizem realmente o que sentem e se mostram como realmente são?
De dia para dia é cada vez mais difícil encontrar alguém capaz de ser genuíno. Tudo usa disfarces, tudo se camufla, tudo engana e trapaceia. Não entendo essa necessidade enorme das pessoas viverem para as aparências, para o egoísmo desmedido. Será que elas estão erradas ou sou eu que estou num mundo/sociedade errada? Faz-me imensa confusão a falta de respeito pelas pessoas, a desonestidade; parece que as pessoas só são felizes se pisarem e maltratarem os outros. Hoje em dia o que conta é o "estar por cima", é as disputas de quem é melhor, é o ego inchado e o coração vazio...
Tenho saudades de gestos de carinho verdadeiros como um abraço de alguém que gosta de mim, ou um sorriso cúmplice de um amigo. Sei lá, passar horas ao telefone a debater teorias e dogmas com alguém que goste de reflectir. Passear, tertuliar bastante. São estas pequenas coisas que são tão saborosas na vida. Comer um gelado e mandar uma piada foleira, ir ao cinema, ver o mar, jantares de amigos, saír de casa às 4h da manhã debaixo de uma chuva imensa para ir ter com alguém que te ligou a dizer que precisa da tua palavra amiga. Não sei, para mim são gestos, momentos, acções carregadas de simbolismo. Acusam-me de ser individualista. Será que o sou mesmo ou será que são os outros que não sabem viver em sociedade? Ou sou eu que tenho uma ideia errada do que é viver em sociedade? E será que as pessoas sabem a diferença entre estas duas palavras: amigo vs companheiro? Não sei! Gostava de pensar mais sobre isso, aliás, vou ter de começar a pensar mais sobre isso. Era bom que todos quisessemos pintar o mundo de outra cor, a que vejo neste momento está demasiado ofuscada, ou então sou eu que sou uma esquisita do caraças!

sábado, junho 10, 2006

Mar!

O mar alastra consigo um rol de emoções; é uma porta para um mundo paralelo, onde me perco e me encontro constantemente.
Por entre a espuma das ondas, a liberdade expande-se inundando-me a alma com um sabor salgado, fresco, suave. É no mar que encontro pouso para as minhas ideias, reflexões, sonhos, devaneios. É ele que ouve o meu grito ferido e silenciado...
É ele que me conduz à paz de espírito, a uma alegria, a um extâse corporal.
É sem dúvida um dos grandes amores da minha vida... o eterno mar que sempre despertou em mim o desejo de viajar, longe, muito longe, de procurar o até hoje não achado.. Ele sim dá aso às minhas utopias...
Amo-o!

domingo, junho 04, 2006

E tudo passa!

Pernoitou durante muito tempo no meu ser um desejo de mudança que se foi intensificando dia após dia. Magoou-me, dilacerou-me a alma, mas também me fez ver que aquele caminho era errado, o caminho certo está neste momento diante dos meus olhos.
Muita coisa à minha volta mudou, dogmas caíram, pessoas caíram, sentimentos idem aspas. Algo de totalmente novo brota incessantemente...
Uma nova fase começa e a partir de agora eu quero cuidar de mim e quero ter ao meu lado tudo aquilo me me faça bem, não o contrário. Foi mais uma página virada na minha vida... Obrigada saturno na 4, eu aprendi a lição!

sábado, junho 03, 2006

Dé! (03/06/06)


Hoje é o teu dia, hoje é o teu momento, vive-o intensamente! Agarra a tua vida com toda a força e faz brotar dela tudo o que de bom existir..
Mais um ano, mais sabedoria, mas conhecimento de ti, mais vivacidade! Continua a crescer e que cada aniversário seja o festejar da alegria de existires... vale a pena sorrir para o mundo porque ainda existem pessoas como tu.
Quero que saibas que te AMO... PARABÉNS!

quinta-feira, junho 01, 2006

Latejam por entre as flores murmúrios de lágrimas envoltas numa bruma de saudade...
O tempo que outrora se vivera, jamais voltará; este expungiu pessoas, momentos, sentimentos, mentiras, verdades, felicidades, tristezas...
Novos tempos vieram, novos tempos virão, mas uma nostalgia permanece a quando da reminiscência das coisas... a esse suave fel eu chamo saudade... Façamos desse saibo algo constantemente efémero que nos conduzirá a uma aprendizagem, a uma melhor postura e condução da nossa vida em próximas desventuras, uma doce recordação, jamais uma enclausura que nos faça desperdiçar as oportunidades de deliciar de novos e intensos prazeres.
A vida é tão fugaz! Vivamo-la como se se tratasse de um pequeno botão de rosa, belo mas com data marcada para seu termo. Aproveitem-na enquanto esta subsiste.