Hoje, nesta noite gelada e melancólica, dou aso às reminiscências que ficaram há muito, guardadas no velho báu que se encontra no fundo de uma gaveta velha do armário.
Um báu amarelinho, enfeitado com os hérois da minha infância e no qual deposito todos os momentos felizes; todos os momentos que me fizeram sorrir um dia.
Ali encontro o passado outrora cintilante e encontro igualmente a força para acreditar num futuro risonho ou até mesmo, o alento para viver o presente que pode em certas alturas ser acinzentado.
E hoje, dando asas à minha memória, recordo-me de uma menina traquina, sorridente e muito meiguinha; com pitadas de teimosia e vaidade e muito rabugenta na hora de ir dormir.
Adorava dançar e cantar, passava a vida a inventar histórias, a brincar e principalmente a fazer asneiras.
Tinha alguns bonecos (ela apelidava-los de "seus fiéis seguidores"), os quais ela nunca largava, nem quando dormia. Eles entravam nos seus sonhos cor-de-rosa, com pepitas de chocolate e com ela viviam aventuras sem fim, só rindo e saboreando uma doce ingenuidade e sentido verdadeiro das coisas.
Lembro-me dessa menina a fazer asneiras em casa, a derrubar objectos, a desarrumar tudo o que a mãe arrumava e a meter-se com todas as pessoas que passavam na rua. Que menina fofinha! Loirinha com os cabelos cheios de caracóis, adorava ver os bonecos na televisão. Era demais!
Às vezes quando paro um pouco e abandono o rodopio da vida, lembro-me dessa menina que de uma pedra e bocadinhos de flores conseguia fazer uma cozinha e em seguida uma alucinante história; era a imaginação humanizada!
Pergunto-me... que será feito dela?
Será que se perdeu pelo mundo? Será que a enterrei no meu báu de uma maneira tão abrupta que ela sucumbiu?
Não sei...
Ou será que não sei? Será que ela não se encontra em mim e por algum motivo idiota eu insisto em camuflá-la?
É difícil saber ou ser perceptível à primeira... ou então, sou eu que muitas das vezes fingo não perceber...
Sejá como for, tenho que confessar uma coisa... estou com uma imensa vontade de correr no jardim e comer muito, muito algodão doce...
quarta-feira, dezembro 20, 2006
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