sexta-feira, outubro 27, 2006

As lágrimas vertidas...


As lágrimas vertidas no calor da noite intensa, rolaram pelo chão, acabando por desaguar sobre o leito onde dia após dia, cresce o fruto do amor...


Confissão: estou com o instinto maternal em alta... adorava ter um bébé... (:S)

quinta-feira, outubro 26, 2006











O tic tac do relógio existencial avariou... perde-se o tempo e agora? O que é a existência?

Outono...






















Ao Verão de acções da lugar a ramagem solitária e amarelecida que desprende a chuva que invade a alma...
Chegou o Outono da vida onde se aconchegam as colheitas obtidas durante o exórdio primaveril...
Irrompe-se o silêncio em mim, a introspecção, a busca profunda da essência das coisas.
Caiem as primeiras folhas caducas e inúteis, as sobras dispensáveis do Verão agora já fugido. Procura-se o profundo, o verdadeiramente importante, o que preciso e me toca na alma.
No Outono começa a assimilação profunda, a percepção intensa do que sou, o enriquecimento de tudo… tudo é escorpiónico…
Sobre a ramagem molhada esconde-se o caminho da vida, a delícia da existência. Sobre o sofrimento encontra-se o caminho, as escolhas através da luta, da auto-consciência, do pensamento e da vontade.
Nas gotas da chuva limpo-me, curo-me, preencho-me…
Vou andar, andar muito, mas esta frio… Dói quando o frio bate na pele, dói até aos ossos, como dói, mas cura e se cura…
É melhor levar o casaco pelfudo para me proteger do frio. Acho que todos gostamos de casacos pelfudos, convém é conservar esses casacos porque há sempre Outono e faz sempre frio…
No verão esquecemo-nos disso, mas ele volta, volta sempre e muitas das vezes já não existem casacos porque foram deixados algures, deterioram-se…
E la vou eu… sinto o frio a bater-me nas faces, as mãos enrugam-se e chapinho nas poças de água, mas lá vou eu… A chuva cai, o chapéu-de-chuva agita-se, mas lá vou eu… O frio intensifica-se, mas lá vou eu...
Para onde vou? Não sei… no Verão voltamos a encontrarmo-nos e logo te direi o que hoje não sei dizer...

domingo, outubro 22, 2006

Novo blog em movimento...



















Arranca hoje o blog: "O cantinho do conhecimento"...




Depois de quase um ano a escrever de uma maneira subjectiva e muito sentida, eis que chega a hora de me virar para o lado mais objectivo e prático.
O grande objectivo deste blog é partilhar o que estudo, o que descubro, em suma: ensinar, mas ensinar objectivamente.
Os posts deste blog serão catalogados por categorias...
Aqui pretende-se ensinar e falar de tudo, aprender tudo...
Quem tiver interesse em escrever comigo apresente-se :)

Espero que este novo projecto corra pelo melhor e que acima de tudo me faça trabalhar o lado objectivo... procuro os dois pólos... um equílibrio entre ambos...

Um beijo a todos da blogosfera.

Drekas*

sexta-feira, outubro 20, 2006

A velha foto do mural...

Ao limpar o pó, deparo-me com uma velha fotografia a preto e branco exposta no mural de mogno, já um pouco velho (onde guardo imensa quinquilharia) que se encontra no Hall de entrada.
Emoldurada no Inverno passado, um pouco desfocada e muito cinzenta, eu diria mesmo em tons de preto, de uma negridão profunda e sentida, quiçá aniquiladora…
Olho para essa fotografia e recordo-me dos dias cinzentos onde a trovoada me consumia, onde sozinha era engolida pela boca do silêncio; onde os meus uivos constantes eram sentidos nas profundezas dos mares, remoendo-os desenfreadamente a um ritmo diabólico digno de uma destruição massiva.
As nuvens ocultavam a profundidade dos céus, intensificavam a escuridão, transformavam tudo ao redor numa campa funerária; faltava no entanto a terra para cobrir e proteger o meu corpo da amargura que sentira.
Eu via a Lua de raspão, no entanto, esta olhava-me fixamente, entrava na minha mente e dizia-me constantemente a verdade que eu tento insistia em colocar para trás das costas… Acho que lhe dava prazer torturar-me, possivelmente sentir-se-ia triunfante, imperiosa quiçá.
Pensara eu que ela gostava de mim… ó ilusão! A punhalada vem quase sempre donde menos esperamos e muitas das vezes é fatal…
Vertera sangue durante muito tempo sobre a encosta abaixo… este arrastava-se depois com o vento que fortemente soprava e que muitas das vezes me agredia, tornando o meu corpo cada vez mais débil…
Eu era um pedaço de carne dentro de uma lagoa poluída; não saía dali, permanecia estática perante as agressões, perante o negro, o podre, o sujo… só chorava, e como chorava… o sangue atravessava o meu peito e subia até ao contorno dos meus olhos, deslizando depois sobre a minha face, terminando por fim no chão… a pouco e pouco ficava ensopada, chegando ao ponto de quase me afogar nele…
Permaneci estática por momentos na contemplação daquela foto; eis que uma ideia subita me surge...O tempo passa, sempre passa...

terça-feira, outubro 17, 2006

Subir as escadas da ilusão, emaranhar os sentidos, soltar lá no alto, perto das estrelas, nas galáxias resplandecentes, os sentimentos escondidos no velho baú do sótão em ruína, onde ninguém jamais conseguiu entrar.
Desejar voar num mundo de metáforas onde o brilho do luar enternece a alma que solitária atingiu o cume da tristeza maquiavélica…
Cada gota de orvalho que se desprende dos lúzios explode ao redor, salpicando uma chuva constante de asteróides que deambulam pelo infinito, pelas profundezas da minha, tua, sua essência…
Cessam-se as pálpebras e molda-se instantaneamente um sorriso que se encontrava guardado nas profundezas de um coração que à muito se via consumido por estricnina.
A recordação ornamenta todo um universo de sensações; o arrepio que se filtra na pele, o contorcer de movimentos, primeiramente bruscos movidos pela agonia, transitam depois para um relaxamento constante, uma suave dança de harmonia…
No primado dos sonhos a alegria beija-me, envolve-me cantando o hino da paixão…
Abraços calados e sentidos, toques deambulatórios sobre os rostos, a doce alegria e efusividade de crianças que se sentem abençoadas por algo divino, imortal, único; o brilho da intensidade sentida propaga-se de uma maneira avassaladora na corrente sanguínea, fazendo pulsar furtivamente as veias que desenfreadas desejam rebentar de êxtase…
Os momentos passados são vistos como flashes intensos e emotivos; são o aconchego que procuro no interior de mim, nas pequenas partículas sensoriais que viajam na minha essência, no ponto-chave da minha alma.
O tempo que tirano me rouba os momentos avançando constantemente sem olhar para trás, insiste em lutar contra mim, arruinando-me e deteriorando o meu interior… mas teimosa e obstinada, cerro os olhos, encerro os lábios e os ouvidos e viajo, viajo por entre mundos de sensações diversas, por entre as nuvens que se encontram para além do palpável; fujo do terreno e busco a paz, o aconchego, o sussurro da verdade que só por mim foi vivida e sentida.
Nada me roubam...
Eu reconstruo os destroços causados pela realidade e curo as dores sentidas, revitalizando-me para depois entrar nela novamente.
Eternas lutas são travadas, sangue derramado, feridas abertas, mas a capacidade de sonhar, de viajar, essas encontram-se reinantes em mim…
Beijo pétalas de doçura que desprendo pelo mundo, gravando cada uma delas com uma lágrima de esperança…

segunda-feira, outubro 09, 2006

«Quando um brisa ao de leve tocar o teu rosto, não te assustes...
É apenas a minha saudade que te beija em silêncio»".

sábado, outubro 07, 2006

Labirinto de Creta


Horizontes longínquos de um querer sentido e calado são expressos através de sonhos amarelecidos pelo tempo...
Subitamente surgem novos quereres e qual deles prevalecerá então?
O coração trémulo desliza sobre as profundezas do inconsciente rabiscando todo um léxico de indefinições...
Dúvidas, questões, pensamentos assombram os sonhos…
Quebra-se a luz, resta o silêncio e a introspecção. O que escolher? O que querer?
O silêncio que recolhe a alma agita o inconsciente, fazendo-lo viver num turbilhão de emoções…
Estamos perante o Labirinto de Creta. A saída está difícil, muito difícil de ser encontrada…
Bem, vou continuar a sonhar... pode ser que quando acordar o Minotauro já se tenha ido embora e aí, eu já saiba a resposta perante o dilema…

Esperar para quê?




Para quê esperar se é hoje que posso ser feliz, voar, amar, querer? Não percas tempo... age antes que a oportunidade tenha passado por ti. Pior que a dor, só mesmo o arrependimento...

sexta-feira, outubro 06, 2006

"Narciso" - Caravaggio

Por entre as àguas turbolentas de uma sociedade corrompida existe um espelho cruel onde nos afogamos futilmente, pensando insanemente, daí brotar a perfeição.
Nessas mesmas àguas procura-se a definação de um ego que vive rodeado de feérica beleza. Essa definição procurada é nada mais nada menos do que uma indefinição sentida no seu expoente máximo. Procura-se o luxo para tapar o pó...
Pergunto-me: somos apenas uma imagem, ou de nós brotará algo mais do que o espelho nos pode mostrar?