quinta-feira, abril 19, 2007

Toquei o silêncio das emoções
Que me batia na alma…
Ele, o invencível aniquilador,
O repressor da intensidade…
Dilacerava-me, agoniava-me,
Envolvia-me numa azia existencial.
Peguei na caneta, rabisquei algum léxico,
Desenhei suavemente sobre o papel,
Irritei-me!
Não consigo abandonar o silêncio,
Os lábios mudos, as ideias emaranhadas
Em controversos remoinhos semânticos,
NADA!
Fui passear, olhar as estrelas,
Mirar o infinito do céu, chorar, chorar calada.
Não consigo, não sei falar… apenas sentir!
Sentei-me na areia, observei os meus pés
Pensei no quanto já corri, então porque me sinto
Sempre, mas sempre no mesmo lugar?
Não sei dizer que te quero, apenas te sei olhar…
Uma sombra atrás de mim, o silêncio,
Sempre o silêncio…
Da minha boca não escorrega o meu coração,
Mas dos meus olhos vertem-se gotas de sentimento…
Não sei dizer que te amo, apenas sei chorar por ti!

domingo, abril 08, 2007

Pintei a minha alma com cores pastel e soltei uma pétala que vinha beijada pela esperança com uma estrela desenhada numa das extremidades. Deitei-me em seguida, num enorme campo de papoilas onde o céu estrelado exalava um aroma a vida, a força de ir em frente.
Era beijada por um vento suave que me tocava as faces, enquanto os meus olhos se inundavam de lágrimas ao olhar toda uma constelação de estrelas cintilantes, sorridentes, aconchegantes.
Levantei-me e decidi correr por entre o Ramalhal, bailando ao compasso do vento que me conduzia passo a passo rumo à felicidade.
Ao fundo, bem lá no fundo, uma luz irradiava incessantemente… aproximei-me e uma voz sussurrou-me:

- Até que enfim és tu, vem comigo…
É enigmática essa voz, oiço-a muitas vezes e sempre que ela me pede eu vou com ela… Talvez seja esse mistério que me cativa e que me faz correr a cada chamado da respectiva voz...

Lá vou eu outra vez virar a esquina...
Uma alma pura é sempre livre… nunca existirão barreiras que a aprisionem…

sábado, abril 07, 2007

Porque ainda existem anjos...

O seu sorriso contagiante, a sua doçura e verdade esboçadas em cada movimento traquina e desprendido de preceitos e regras sociais…
A sua espontaneidade, o carinho que transmitem quando o mundo nos parece desabar em cima, a ilusão e os sonhos alucinados, as suas piruetas tão ingénuas, tão puras…
Sentada num banco de um jardim, olho em volta a vida, a força, a esperança; tudo isto no rosto de uma criança…
É impossível não olhá-las e não rolar pela face, uma lágrima de carinho por algo que ainda é genuinamente cintilante, num mundo afundado em miséria...